Dysfemismo

Saturday, July 22, 2006

O "Match-Making" Pós-moderno (ou Das Putas-Namoradas)

Considero um dos maiores anacronismos da sociedade pós-moderna a inexistência de prostitutas namoradas. E não falo, aqui, de namoradas prostitutas, pois isso é algo extremamente normal e muito difundido pelas mais diversas civilizações do planeta. Estou me referindo a um tipo de relação capitalista que não envolve apenas o sexo, mas também todo o tipo de regalias, responsabilidades e direitos oferecidos pela parceria fixa.
É perfeitamente compreensível que alguns homens não tenham o costume de freqüentar prostíbulos, já que muitos de nós foram criados com uma rigidez moral que jamais nos permitiria pagar por sexo, pelos mais diversos motivos (seja pelo básico, orgulhoso, e, obviamente, cego “não pago por sexo” até o mais ingênuo “tenho nojo de prostitutas”).
Justamente por esta peculiaridade (a de pagar por sexo indiretamente, mas nao pagar por ele diretamente) do moralismo pós-moderno, sugiro a instauração de um regime de namoro pago: você estabelece um salário fixo (semanal, mensal ou semestral, dependendo da duração que você prevê para o namoro) para a prostituta e ela se torna sua namorada, para todos os efeitos. Vocês dormem juntos, falam “eu te amo”, dão pipoca na boca um do outro enquanto curtem comédias românticas, vão para a balada juntos, brigam por ciúmes, até traem um ao outro (como qualquer casal normal).
Dessa forma, é possível suprir não só a carência sexual de um homem em necessidade, mas também sua carência afetiva advinda de um Complexo de Édipo mal resolvido ou qualquer outra coisa que o valha. Concomitantemente, a mulher poderá usufruir exatamente das mesmas vantagens de que pode desfrutar em um namoro normal, sem correr o risco de eventuais infelicidades econômicas durante o período estipulado no contrato.

A seleção da consorte é feita através de um catálogo detalhadíssimo, no qual consta o perfil de correspondência de cada uma das prostitutas, incluíndo formação profissional, estudos, cabedal intelectual, características emocionais e até, eventualmente, o dote e a tendência psíquica de cada uma delas (histeria, obsessão, eventuais distúrbios psicóticos, enfim: tudo para facilitar o pareamento). Coloco aqui um perfil resumido de algumas das candidatas:

- Mariana: Formada em ciências da computação; gosta de jogar videogame, assistir filmes de ficção cientifica e musica eletrônica. Não fuma e não bebe. Atributos emocionais: ciumenta, submissa, carinhosa. Potencial de traição: 1/5
- Julia: socióloga, gosta de filmes latino-americanos de esquerda, discussões políticas e MPB. Atributos emocionais: gosta muito de transar, não é afeita à frescuras emotivas e preza por sua individualidade. Gosta de beber e fuma. Potencial de traição: 4/5
- Luisa: faz faculdade de letras, gosta de literatura e filmes de arte. Escuta com prazer qualquer estilo de rock, dos mais alternativos aos mais pesados. Fuma e bebe socialmente. Atributos emocionais: Carinhosa, ciumenta e mandona. Potencial de traição: 2/5
- Mônica: aluna de conservatório musical, é cantora lírica e gosta de comédias românticas. Só ouve musica erudita e jazz. Não fuma, bebe raramente. Atributos emocionais: meiga, instável, gosta de sexo e é carinhosa. Potencial de traição: 2/5
- Janaina: não terminou o colégio, é dançarina de trio elétrico de micareta. Ouve funk carioca, pagode, rap, axé e pop. Não é nada inteligente. Pode fumar ou beber, como também pode não fumar nem beber. Atributos Emocionais: submissa relutante, promíscua, nua e crua. Potencial de traição: 3/5
- Érica: Cursa administração numa universidade paga (Bem paga). Ouvia psy-trance e techno, frequentava raves, mas passou a se interessar por micaretas e pagode. É eclética, gosta de ouvir o que está no rádio. Frequenta academia, não fuma nem bebe, mas até gosta de ecstasy. Se forem bebidas caras e cigarros importados, pagos pelo consorte, ela aceita. Só vai a baladas se for em camarote. Gosta de carros caros. Não é muito inteligente. Atributos emocionais: submissa, carinhosa, estável. Potencial de traição: 1/5

nstituição “namoro” (seja ela oficializada como casamento ou não), na maior parte das vezes, não difere em absolutamente nada do que o que estou propondo aqui. Em um namoro normal, você terá que buscar e levar ela para os lugares, pagar suas contas, comprar presentes na imaginarium, flores na Dr. Arnaldo, lembrar de datas, etc. etc. Aqui, igualmente.

[parágrafo importante]
E assim como qualquer outra mulher apazigua sua própria consciência com o óbvio, previsível e ingênuo argumento “A sociedade o favorece, ele ganha mais do que eu, logo, é justo que ele me pague as contas”, estas também o farão. Cedo ou tarde, convencerão a si mesmas de que não
existe nenhuma questão política, moral ou ética por trás da relação de submissão economica. Que preferem ser sustentadas simplesmente pela questão prática da comodidade.
[parágrafo importante]

Ergo, o que este sistema propõe é apenas a oficialização de algo que já ocorre naturalmente, com eventuais lucros para aquele que se propuser a montar o esquema; pois, obviamente, vale mais a pena pagar para evitar a perda de tempo necessária para encontrar alguém com um perfil psicológico que te agrade, ao invés de ficar por aí caçando como um animal. Para ela, que já nasceu no universo da imposição moral de passividade, nada mudará em relação a isso: ela se inscreve e espera. Como na "vida real", como nas baladas; não vai atrás - pois isso é vulgaridade. Só lhes cabe esperar, enviar sinais (que é o que lhes é moralmente permitido fazer quando têm interesse especial por determinado macho), piscadelas, etc. Obviamente, ela pode se recusar a assinar o contrato com determinado macho, cobrar mais ou menos de um ou de outro; o contrato pode prevêr certas flexibilidades ou não - ele é assinado entre o contratante e o contratado, sendo apenas intermediado pelo sistema que proponho.

É, na verdade, apenas mais um sistema de alcovitaria, de match-making, que é direcionado aos casais ordinários (no sentido de “normal) de uma sociedade capitalista, patriarcal, machista, etc., etc.

Wednesday, July 19, 2006

A Filosofia da Consciência

Damos nomes à todas as coisas. A algumas, mais de um, inclusive. Um gato, por exemplo, é algo que tem um nome. Por outro lado, certos nomes que utilizamos não representam absolutamente nada que exista; existem casos em que o nome que utilizamos não corresponde a nenhuma entidade “real”, mas apenas a um vago conceito gerado por impressões diversas, subjetivas, e que ao longo de nossas vidas nos acostumamos tanto a utilizar que poderíamos jurar com todas as nossas forças que tal conceito corresponde, de fato, a algo concreto. Isso é um erro fatal, especialmente quando se trata de conceitos-chave para nossas vidas. Um bom exemplo disso é a palavra felicidade.
É óbvio que não existe felicidade. Não há um conjunto de processos químicos específico e distinguível em nosso teatro de sinapses que possa ser considerado como correspondente perfeito daquilo que chamamos felicidade. Pode até ser que um ou outro grupo de cientistas venha provar que encontrou o gene da felicidade, ou que um ou outro psiquiatra venha a prescrever uma felicidade em pílula. Mas, sobre isso, já escrevi a um ou outro texto atrás.
Mas a palavra existe. Existe porque é um termo, um acordo; o que eu pretendo fazer é inseri-la em minha filosofia: a felicidade é, para mim, uma vida transcorrida, no mais elevado grau possível, segundo seus próprios preceitos morais. Uma prática de acordo com sua consciência. Isso é extremamente relativo, porque cada um tem valores morais diferentes; cada um sofreu diferentes repressões, desenvolveu diferentes superegos, absorveu diferentes ideais e objetivos. Mas não é uma questão de fazer determinadas coisas. Nem uma questão de fazer aquilo que imediatamente te traz prazer. É uma questão de poder dizer, naturalmente, que não faz coisas que considera erradas.
Em primeiro lugar, toda vez que você falhar, toda vez que for abandonado, toda vez que não alcançar seus objetivos, seu sofrimento será passageiro. Você se recuperará. Caso você tivesse agido contra seus próprios preceitos morais, sua recuperação seria lenta e dolorosa, e provavelmente jamais chegaria a se completar eficientemente. Quando fazemos algo que consideramos moralmente repreensível, aquilo é uma martelada no gongo que sofreremos pelo resto de nossas vidas, a menos que nosso centro de repressão se encarregue de elimina-la de nosso consciente; neste caso, ela deixará de ser uma martelada no gongo e passará a ser um fantasma que te assombrará em pesadelos e momentos íntimos de auto-sabotagem inconsciente.
O que quero dizer é o seguinte: alguém que não sofreu repressões ao longo de sua vida a ponto de poder mentir, trair, sacanear, puxar tapetes e etc., não deve se sentir acanhada a fazer tais coisas se elas lhe convierem em determinados momentos. Mas que fique claro que isso só é recomendável a quem realmente não é afetado pelos valores éticos predominantes no mercado da moral; não adianta dizer que não tem problema com isso e ficar se remoendo depois.
A vida infeliz é aquela em que seu ideal de si mesmo (os valores que você introjetou ao longo de seu desenvolvimento) se choca violentamente com aquilo que você realmente é, e você tem consciência disso. Porque quando você consegue eficientemente se enganar a sua vida toda e realmente acreditar que seu ideal de ego corresponde perfeitamente ao seu ego, você realmente será feliz. É uma felicidade perigosa, pois a qualquer momento você está sujeito a se deparar com a triste realidade. Mas se isso não acontecer, esta ótimo (na verdade eu realmente considero isso impossível, a menos que você sofra de algum tipo de psicose).
O problema é que somos criados com valores extremamente rígidos e praticamente inatingíveis, o que torna quase inevitável que nossos idéias morais se choquem com nossas praticas cotidianas.
Para a maior parte das pessoas, impiedosamente catequizadas pela repressão civilizatória da moral platônica, é como se Deus tivesse estabelecido padrões de certo e errado absolutos. O que eu quero dizer é o seguinte: ainda que Protágoras esteja certo, ainda que o homem seja a medida de todas as coisas, o próprio homem foi tão eficiente em estabelecer e disseminar padrões de certo errado a toda uma civilização que as coisas transcorrem quase exatamente como se os elevadíssimos idéias moralistas e maniqueístas da releitura platônica do judaísmo fossem, de fato, absolutos. Então, na prática, não faz diferença se foi Deus, se foi o Cosmos, se foi a Seleção Natural (caso os padrões de certo e errado estejam inscritos de certa forma em nossos códigos genéticos...) ou se foi o Homem que estabeleceu tal noção maniqueísta, a partir do momento em que é incontestável que a civilização ocidental é acometida por tal noção, em maior ou menor grau, mais ou menos de forma homogênea.
A partir daí, considero dois caminhos, que devem ser trilhados simultaneamente, para alcançar um máximo de correspondência entre seu ideal de si mesmo e sua pratica cotidiana: o primeiro é o de adaptar suas práticas à seus ideais; o segundo, o de adaptar seus ideais a suas práticas.
A felicidade plena é essa correspondência plena. Ela é, provavelmente, inatingível (considero como possíveis exceções alguns tipos de psicose e de fanatismo). Mas é plenamente atingível em escalas mais moderadas, o que torna extremamente possível uma vida razoavelmente feliz segundo meus critérios.


(Minha Filosofia da Consciência é uma espécie de releitura psicológica do neo-platonismo confrontado à luz da sofística moderna. Pouco provável que alguem já nao tenha escrito algo assim antes, menos provável ainda que não contenha “erros” – ver prefácio - para as ciências ultrapassadas [que ainda nao se tornaram pós-modernas] , e infinitamente improvável que eu não venha a corrigi-lo em breve).

[Brilhante ressalva de minha ilustre colega cientista, Luisa Hugerth, a respeito do terceiro periodo deste texo: "Um gato nao é algo que tem um nome, é algo que tem 247 nomes e nao atende por nenhum deles"*a citação nao foi exata, mas é algo do genero]

Apêndice:
Resulta daí que a mais interessante educação moral para a juventude de uma sociedade é aquela que nao é liberal a ponto de permitir que seus cidadãos a destruam sem peso algum em suas respectivas consciencias, mas também nao tão rígida a ponto de se tornar impossível de se corresponder na prática - o que acarretaria em uma população infeliz

Friday, July 14, 2006

A Teoria dos Modelos Teóricos

Não é que exista uma “verdade” ou alguma espécie de elemento cuja realidade formal é superior à soma das realidades objetivas de todos os outros elementos que compõem o universo. O fato é que as coisas existem, não necessariamente com E maiúsculo, e não necessariamente além do nosso universo perceptivo, porque isso não importa. O que importa é que independentemente de que explicação nós formulamos para as coisas, elas não podem corresponder perfeitamente a qualquer coisa que vá além de nosso universo perceptivo.
Os modelos explicativos para cada realidade complexa não são um melhor ou pior do que o outro porque um está certo e outro errado; eles diferem nos aspectos que conseguem captar da realidade que é de explicação complexa demais para um modelo de entendimento simples. Cada modelo consegue se aproximar da realidade, mas jamais capta-la em sua totalidade, pois não temos nem a capacidade léxica e muito menos a potência intelectual para abarcar a totalidade da realidade em nosso único e falível meio de comunicação [e raciocínio] conhecido (a saber, o logos).
A diferença entre um modelo e outro é, na verdade, muito mais uma questão de coesão interna do que de correspondência externa; em primeiro lugar porque a Realidade e a Verdade, se existem, estão muito além de nossa capacidade perceptiva; em segundo lugar, porque quando um modelo consegue uma coerência máxima entre os elementos que o compõem, torna-se auto-explicativo e auto-suficiente, sendo impossível refutá-lo tecnicamente, mas apenas discordar dele (por questões psíquicas de incompatibilidade ou negação).
Posso utilizar como exemplo as mais óbvias noções religiosas: o cristianismo, o budismo ou o monoteísmo platônico tem muitas semelhanças, embora utilizem metáforas diferentes. Os três contêm muitos semelhantes aspectos da realidade, mas seu corpo teórico-estrutural difere devido aos diferentes contextos em que estão inseridos.
Mas então podemos discutir algumas questões; algumas “licenças teóricas” que os corpos religiosos tiram, porque seria extremamente difícil passar o aspecto que eles desejam passar sem afetar a coerência interna do corpo teórico; certas coisas, para que sejam explicadas mantendo a perfeita coerência interna da formulação, necessitam uma complexidade que seria inalcançável para aqueles a quem se destina a própria formulação; por isso, licenças teóricas são tiradas. Um bom exemplo é a ressurreição Jesus Cristo na exata forma em que ela nos é legada pelos evangelhos. Discutir as incoerências desse elemento me tomaria parágrafos e mais parágrafos de texto, e, portanto não entrarei na questão. O importante é que apesar de uma das partes mais indispensáveis da teoria, a complexidade que exigiria transmitir esse elemento do corpo teórico com perfeita coesão interna tornaria impossível sua compreensão para uma boa parte da população a quem se destinava a própria religião.
Os problemas de coerência interna são também, às vezes, fruto da incapacidade daquele que formulou a teoria, embora eu, particularmente, acredite que, em geral, o que leva um modelo teórico a apresentar falhas seja o fato de que aqueles que o formulam dão mais importância à mensagem que desejam passar do que à perfeição de seu modelo em termos estruturais. O resultado disso é que a mensagem é passada, mas muitos erros são encontrados.
A ciência é um dos poucos corpos teóricos que, ao invés de focalizar-se na mensagem, focaliza-se na estrutura do corpo teórico. O resultado é que sua estrutura torna-se um esqueleto sem alma, que pode ser utilizado para as mais vis ou mais belas (dependendo do uso e dependendo do ponto de vista) práticas humanas.
Não existe uma teoria mais correta, mais próxima da Verdade do que outra. Se existe, não temos capacidade de dizer. Mas temos capacidade de avaliar as teorias conforme sua coerência interna, porque não podemos comprovar a invalidade de uma teoria comparando-a com a Realidade, com a Verdade, pois não a conhecemos. Podemos apenas compará-la com ela mesma, internamente, um elemento a outro. Nesse sentido, quanto menos falhas existirem na proposição, mais verdadeira ela é (embora isso não a torne de forma alguma mais Verdadeira).

Sunday, July 09, 2006

Prefácio Obrigatório Razoavelmente Interessante

É extremamente desagradável escrever sobre qualquer assunto que seja em uma época agraciada pelas mais irrefutáveis provas científicas, que provam, comprovam, des-provam, reprovam, sub-provam, sobre-provam, ante-provam, pós-provam tudo. Consequentemente, não há nada que já não tenha sido cientificamente provado e cientificamente contra-provado (o que seria uma absoluta incoerência lógica, já que algo provado é necessariamente impossível de ser contra-provado, porque é absolutamente correto – pois caso contrário, o que diferencia uma comprovação de uma opinião?... e é esse o ponto).
E então me lamento profundamente sobre a impossibilidade de escrever uma vulgar e ordinária reflexão – afinal de contas, o que é a reflexão frente à comprovação científica? O que são palavras, quando confrontadas pela prova científica? O que é a lógica contra uma prova científica? Afinal, o que pode contra uma prova científica? Obviamente, somente outra prova científica, que a des-prova.
Ora, se tudo aquilo que pode ser provado pode ser contra-provado, chego a óbvia e anômala conclusão de que a ciência não passa de uma ficção oficializada; um conjunto de invenções razoavelmente convincentes que, segundo o cânone cientifico vigente, foram aceitas no livro sagrado de explicações satisfatórias dessa religião bizarra. E, portanto, é vão meu saudosístico lamento: “bem que eu poderia ter nascido nos bons tempos em que qualquer um poderia filosofar suas mais medonhas elucubrações impunemente, sem que um – se não muitos – imbecil lhe esfregasse uma página de revista semanal na cara, contendo estatísticas, ‘Ph.D’s e “fatos” contra sua magnífica reflexão”. É vão, eu dizia, porque na semana seguinte eu poderia lhe retribuir o favor, se fosse também um assinante de revistas de publicação em massa.
O ponto é: isento-me aqui de qualquer possível responsabilidade sobre os potenciais desrespeitos, ao cânone cientifico da ficção oficial, que eu cometerei. Todo o medo que eu tinha de expor minhas teorizações estapafúrdias frente às infinitas comprovações cientificas caiu por terra.
Na prática, é o seguinte: a única coisa que difere o “filósofo de buteco” de um cientista é o carimbo do papa, o selo da rainha – a palavra “oficial” está escrito na testa deste, e, daquele, não; Este possui provas. Possui a verdade. E, portanto, tudo o que eu lhes apresentar aqui pode ser perfeitamente concebido como "filosofia de buteco" (já que não é condecorado com nenhuma das insígnias canônicas; além do mais, não estou nem um pouco interessado em provar absolutamente nada). Minha única relutância em atribuir esta alcunha a meus proprios textos é a má fama que carregam os famigerados e incompetentes expoentes da filosofia de buteco de nossos tempos.

E eu, particularmente, levaria em conta que meus textos são tão refutáveis quanto o “pudim de passas” do Thomson, a gravitação universal de Newton, as estatísticas raciais brasileiras, a filosofia platônica, a psicanálise do Freud, a Bíblia (o ex-cânone da ficção oficial européia há uns dois ou três séculos atrás) ou absolutamente qualquer outra coisa que seja ou tenha sido irrefutavelmente comprovada.