Dysfemismo

Wednesday, December 20, 2006

Ciclo Geracional

A única coisa de que você pode ter certeza absoluta a respeito da educação do seu filho é que se ele trilhar exatamente o mesmo caminho que você trilhou, carregando as mesmas convicções, ela falhou (Viva a Ordem e Progresso, Viva o PSDB!).

Quando você cria seus filhos da forma que acredita ser a mais correta – e esperamos que a maior parte de nós aqui considere isso normal -, seja através do colégio ou da educação em casa, é bem provável que ele desenvolva algumas práticas e convicções diferentes das suas (o que é perfeitamente saudável considerando que a educação que você dá aos seus filhos pretende corrigir muitos erros que você identificou na sua própria educação).

Portanto, as diferenças entre seu filho e você são em boa parte resultado direto da educação melhor que você provavelmente deu aos seus filhos e do diferente contexto histórico-cultural em que ele se encaixa. Não adianta tentar reclamar que deveria ter criado seus filhos exatamente como você foi (“Ah, bem que eu deveria ter sido mais severa obrigando-o a comer salada”, “Sabia que deveria tê-lo obrigado a estudar mais”, etc.) toda vez que o caminho dele desvia-se do seu próprio. Isso é não só saudável e desejável como provavelmente educativo pra você: por que não ouvir as convicções de seus filhos, inseridas em um contexto mais avançado da perpetuamente-atualizável Cultura para rever - ou então reafirmar - suas próprias?


PS: Desculpem-me, mas a pieguisse auto-ajuda-veja-revista-de-horóscopo-caetano-veloso do final em aberto faz parte do estilo de meu recém-nascido alter-eu-lirico que escreve para as melhores revistas deste país.
(E viva as matérias nos dizendo o que pensar!)

Rodrigo

Monday, December 11, 2006

Inter-mission

Com referência a peculiaridade humana de julgar fabulosa a superação através da previsão - ou, mais especificamente, com referência aos proto-cordados que me atiram pedras anonimamente nos comentários de meus prolongamentos alter-éguicos e pseudópodos virtuais (blog, fotolog, etc.) e que, após sucessivas derrotas por nocaute, pontuação ou W.O (no caso de desistência por excesso de caracteres na minha resposta - o que eu acredito ser, de fato, a causa da maior parte de minhas vitórias argumentativas), decidem que o melhor que podem fazer é o famoso hit-and-run : xingar e sair correndo gritando alguma previsão óbvia - como, por exemplo, "lá vem uma resposta longa" e julgando de tal forma terem saído vitoriosos devido ao seu evidente sucesso como fortune-tellers.

Eu já lí isso dezenas de vezes ao longo de minha carreira de polemista virtual e provavelmente ainda lerei mais algumas dezenas. Mas é uma daquelas coisas que não deixam de te espantar nunca, como duas moscas trepando no ar ou a quantidade de ligações-não-atendidas que seu consorte é capaz de te deixar no celular quando voce não está afim de atendê-lo.


É como se eu provocasse um boxeador enorme com um jab no rosto e depois gritasse "ah, agora voce vai me socar de volta" esperando que ele se lamentasse passivamente, dizendo algo como "poxa, que pena, voce adivinhou".