Dysfemismo

Wednesday, August 23, 2006

Palavra de Honra

Parece-me que o cândido vulgo acredita que alguém pode simplesmente viver com sua honra suspensa no éter imaculado, mentir, sacanear, ofender, transgredir, violar, enfim: cometer todas as injurias e perjúrios que lhe ocorrerem impunemente. E, quando realmente tiver necessidade, é só invocar sua intacta e abstinente honra de seu éter suspenso para utilizá-la como arma secreta.
Não faz sentido algum. Você não pode escolher quando a honra está em jogo e quando não está. Ela sempre está. Prometer algo não faz sentido algum, é dizer: “olha, eu costumo mentir, mas juro que agora não estou mentindo”. “Juro” e “Prometo” são palavras, como todas as outras; a única coisa que nos faz ter algum respeito extra por essas duas expressões é o fato de que são, usualmente, o último fio de esperança de alguém que está apelando com seu último recurso.
Uma mentira é uma mentira; jurada, juramentada, prometida, asseverada, afiançada, penhorada, garantida, professada, votada, ou não.
As palavras não têm diferentes valores, diferentes quantidades de ser. Por mais que tenhamos uma doce e ingênua ilusão de que a palavra amor vale mais do que a palavra abajur, ela não vale. São só palavras.
Mas ainda há um argumento final, utilizado por aqueles que defendem tal prática: ao tratar-se de um acordo, na medida em que as partes mentirosas realmente atribuem determinado valor elevado às promessas, o evento de fato se passa como se as palavras de honra valessem mais do que suas palavras normais. Mas isso só pode ocorrer se as duas partes atribuírem realmente esse valor às palavras.
Todavia, você nunca poderá saber se a outra parte confere realmente esse poder à suas palavras ou não. E eu também sugiro que você não se esqueça de que, além do suposto acordo, não há diferença.

Tendo isso em mente, jure à vontade. Mas se me vir jurando, eu provavelmente estarei bêbado.

Monday, August 14, 2006

Xaveco

“O xaveco se define por oposição ao mérito pessoal”

Toda forma de expressão física ou verbal que você cristalizar, consistirá, ao longo de um ou mais diálogos com determinado interlocutor, a imagem que este terá de você. Se o resultado for (ou seja: aparentar ser) suficientemente digno dele (seu interlocutor), você terá o caminho aberto para finalizar uma possível incursão colonizadora (se estiverem ausentes fatores que conspirem contra a investida – ausência de afinidade química, óbices morais, etc.) por Mérito Pessoal.
Por outro lado, existe um tipo de discurso sofístico que facilita esse processo imperialista, minimizando as burocracias envolvidas em todo o procedimento social para explicitar seu objetivo claro e específico. O conteúdo deste discurso não é relevante; suas palavras são proferidas apenas com o propósito de seduzir aquele a quem se dirigem; São forma, sem conteúdo.

Xaveco: Discurso retórico que tem por objetivo explícito a persuasão, em diferentes níveis de proximidade física, de outrem.



(Caos se define por oposição a cosmos. O Simulacro, o falso, o ausente em ser, sempre se definem por oposição ou por defecção - pois nao são, de fato)

Tuesday, August 01, 2006

PAUSE

Press Start.