O "Match-Making" Pós-moderno (ou Das Putas-Namoradas)
Considero um dos maiores anacronismos da sociedade pós-moderna a inexistência de prostitutas namoradas. E não falo, aqui, de namoradas prostitutas, pois isso é algo extremamente normal e muito difundido pelas mais diversas civilizações do planeta. Estou me referindo a um tipo de relação capitalista que não envolve apenas o sexo, mas também todo o tipo de regalias, responsabilidades e direitos oferecidos pela parceria fixa.
É perfeitamente compreensível que alguns homens não tenham o costume de freqüentar prostíbulos, já que muitos de nós foram criados com uma rigidez moral que jamais nos permitiria pagar por sexo, pelos mais diversos motivos (seja pelo básico, orgulhoso, e, obviamente, cego “não pago por sexo” até o mais ingênuo “tenho nojo de prostitutas”).
Justamente por esta peculiaridade (a de pagar por sexo indiretamente, mas nao pagar por ele diretamente) do moralismo pós-moderno, sugiro a instauração de um regime de namoro pago: você estabelece um salário fixo (semanal, mensal ou semestral, dependendo da duração que você prevê para o namoro) para a prostituta e ela se torna sua namorada, para todos os efeitos. Vocês dormem juntos, falam “eu te amo”, dão pipoca na boca um do outro enquanto curtem comédias românticas, vão para a balada juntos, brigam por ciúmes, até traem um ao outro (como qualquer casal normal).
Dessa forma, é possível suprir não só a carência sexual de um homem em necessidade, mas também sua carência afetiva advinda de um Complexo de Édipo mal resolvido ou qualquer outra coisa que o valha. Concomitantemente, a mulher poderá usufruir exatamente das mesmas vantagens de que pode desfrutar em um namoro normal, sem correr o risco de eventuais infelicidades econômicas durante o período estipulado no contrato.
A seleção da consorte é feita através de um catálogo detalhadíssimo, no qual consta o perfil de correspondência de cada uma das prostitutas, incluíndo formação profissional, estudos, cabedal intelectual, características emocionais e até, eventualmente, o dote e a tendência psíquica de cada uma delas (histeria, obsessão, eventuais distúrbios psicóticos, enfim: tudo para facilitar o pareamento). Coloco aqui um perfil resumido de algumas das candidatas:
- Mariana: Formada em ciências da computação; gosta de jogar videogame, assistir filmes de ficção cientifica e musica eletrônica. Não fuma e não bebe. Atributos emocionais: ciumenta, submissa, carinhosa. Potencial de traição: 1/5
- Julia: socióloga, gosta de filmes latino-americanos de esquerda, discussões políticas e MPB. Atributos emocionais: gosta muito de transar, não é afeita à frescuras emotivas e preza por sua individualidade. Gosta de beber e fuma. Potencial de traição: 4/5
- Luisa: faz faculdade de letras, gosta de literatura e filmes de arte. Escuta com prazer qualquer estilo de rock, dos mais alternativos aos mais pesados. Fuma e bebe socialmente. Atributos emocionais: Carinhosa, ciumenta e mandona. Potencial de traição: 2/5
- Mônica: aluna de conservatório musical, é cantora lírica e gosta de comédias românticas. Só ouve musica erudita e jazz. Não fuma, bebe raramente. Atributos emocionais: meiga, instável, gosta de sexo e é carinhosa. Potencial de traição: 2/5
- Janaina: não terminou o colégio, é dançarina de trio elétrico de micareta. Ouve funk carioca, pagode, rap, axé e pop. Não é nada inteligente. Pode fumar ou beber, como também pode não fumar nem beber. Atributos Emocionais: submissa relutante, promíscua, nua e crua. Potencial de traição: 3/5
- Érica: Cursa administração numa universidade paga (Bem paga). Ouvia psy-trance e techno, frequentava raves, mas passou a se interessar por micaretas e pagode. É eclética, gosta de ouvir o que está no rádio. Frequenta academia, não fuma nem bebe, mas até gosta de ecstasy. Se forem bebidas caras e cigarros importados, pagos pelo consorte, ela aceita. Só vai a baladas se for em camarote. Gosta de carros caros. Não é muito inteligente. Atributos emocionais: submissa, carinhosa, estável. Potencial de traição: 1/5
nstituição “namoro” (seja ela oficializada como casamento ou não), na maior parte das vezes, não difere em absolutamente nada do que o que estou propondo aqui. Em um namoro normal, você terá que buscar e levar ela para os lugares, pagar suas contas, comprar presentes na imaginarium, flores na Dr. Arnaldo, lembrar de datas, etc. etc. Aqui, igualmente.
[parágrafo importante]
E assim como qualquer outra mulher apazigua sua própria consciência com o óbvio, previsível e ingênuo argumento “A sociedade o favorece, ele ganha mais do que eu, logo, é justo que ele me pague as contas”, estas também o farão. Cedo ou tarde, convencerão a si mesmas de que não
existe nenhuma questão política, moral ou ética por trás da relação de submissão economica. Que preferem ser sustentadas simplesmente pela questão prática da comodidade.
[parágrafo importante]
Ergo, o que este sistema propõe é apenas a oficialização de algo que já ocorre naturalmente, com eventuais lucros para aquele que se propuser a montar o esquema; pois, obviamente, vale mais a pena pagar para evitar a perda de tempo necessária para encontrar alguém com um perfil psicológico que te agrade, ao invés de ficar por aí caçando como um animal. Para ela, que já nasceu no universo da imposição moral de passividade, nada mudará em relação a isso: ela se inscreve e espera. Como na "vida real", como nas baladas; não vai atrás - pois isso é vulgaridade. Só lhes cabe esperar, enviar sinais (que é o que lhes é moralmente permitido fazer quando têm interesse especial por determinado macho), piscadelas, etc. Obviamente, ela pode se recusar a assinar o contrato com determinado macho, cobrar mais ou menos de um ou de outro; o contrato pode prevêr certas flexibilidades ou não - ele é assinado entre o contratante e o contratado, sendo apenas intermediado pelo sistema que proponho.
É, na verdade, apenas mais um sistema de alcovitaria, de match-making, que é direcionado aos casais ordinários (no sentido de “normal) de uma sociedade capitalista, patriarcal, machista, etc., etc.
É perfeitamente compreensível que alguns homens não tenham o costume de freqüentar prostíbulos, já que muitos de nós foram criados com uma rigidez moral que jamais nos permitiria pagar por sexo, pelos mais diversos motivos (seja pelo básico, orgulhoso, e, obviamente, cego “não pago por sexo” até o mais ingênuo “tenho nojo de prostitutas”).
Justamente por esta peculiaridade (a de pagar por sexo indiretamente, mas nao pagar por ele diretamente) do moralismo pós-moderno, sugiro a instauração de um regime de namoro pago: você estabelece um salário fixo (semanal, mensal ou semestral, dependendo da duração que você prevê para o namoro) para a prostituta e ela se torna sua namorada, para todos os efeitos. Vocês dormem juntos, falam “eu te amo”, dão pipoca na boca um do outro enquanto curtem comédias românticas, vão para a balada juntos, brigam por ciúmes, até traem um ao outro (como qualquer casal normal).
Dessa forma, é possível suprir não só a carência sexual de um homem em necessidade, mas também sua carência afetiva advinda de um Complexo de Édipo mal resolvido ou qualquer outra coisa que o valha. Concomitantemente, a mulher poderá usufruir exatamente das mesmas vantagens de que pode desfrutar em um namoro normal, sem correr o risco de eventuais infelicidades econômicas durante o período estipulado no contrato.
A seleção da consorte é feita através de um catálogo detalhadíssimo, no qual consta o perfil de correspondência de cada uma das prostitutas, incluíndo formação profissional, estudos, cabedal intelectual, características emocionais e até, eventualmente, o dote e a tendência psíquica de cada uma delas (histeria, obsessão, eventuais distúrbios psicóticos, enfim: tudo para facilitar o pareamento). Coloco aqui um perfil resumido de algumas das candidatas:
- Mariana: Formada em ciências da computação; gosta de jogar videogame, assistir filmes de ficção cientifica e musica eletrônica. Não fuma e não bebe. Atributos emocionais: ciumenta, submissa, carinhosa. Potencial de traição: 1/5
- Julia: socióloga, gosta de filmes latino-americanos de esquerda, discussões políticas e MPB. Atributos emocionais: gosta muito de transar, não é afeita à frescuras emotivas e preza por sua individualidade. Gosta de beber e fuma. Potencial de traição: 4/5
- Luisa: faz faculdade de letras, gosta de literatura e filmes de arte. Escuta com prazer qualquer estilo de rock, dos mais alternativos aos mais pesados. Fuma e bebe socialmente. Atributos emocionais: Carinhosa, ciumenta e mandona. Potencial de traição: 2/5
- Mônica: aluna de conservatório musical, é cantora lírica e gosta de comédias românticas. Só ouve musica erudita e jazz. Não fuma, bebe raramente. Atributos emocionais: meiga, instável, gosta de sexo e é carinhosa. Potencial de traição: 2/5
- Janaina: não terminou o colégio, é dançarina de trio elétrico de micareta. Ouve funk carioca, pagode, rap, axé e pop. Não é nada inteligente. Pode fumar ou beber, como também pode não fumar nem beber. Atributos Emocionais: submissa relutante, promíscua, nua e crua. Potencial de traição: 3/5
- Érica: Cursa administração numa universidade paga (Bem paga). Ouvia psy-trance e techno, frequentava raves, mas passou a se interessar por micaretas e pagode. É eclética, gosta de ouvir o que está no rádio. Frequenta academia, não fuma nem bebe, mas até gosta de ecstasy. Se forem bebidas caras e cigarros importados, pagos pelo consorte, ela aceita. Só vai a baladas se for em camarote. Gosta de carros caros. Não é muito inteligente. Atributos emocionais: submissa, carinhosa, estável. Potencial de traição: 1/5
nstituição “namoro” (seja ela oficializada como casamento ou não), na maior parte das vezes, não difere em absolutamente nada do que o que estou propondo aqui. Em um namoro normal, você terá que buscar e levar ela para os lugares, pagar suas contas, comprar presentes na imaginarium, flores na Dr. Arnaldo, lembrar de datas, etc. etc. Aqui, igualmente.
[parágrafo importante]
E assim como qualquer outra mulher apazigua sua própria consciência com o óbvio, previsível e ingênuo argumento “A sociedade o favorece, ele ganha mais do que eu, logo, é justo que ele me pague as contas”, estas também o farão. Cedo ou tarde, convencerão a si mesmas de que não
existe nenhuma questão política, moral ou ética por trás da relação de submissão economica. Que preferem ser sustentadas simplesmente pela questão prática da comodidade.
[parágrafo importante]
Ergo, o que este sistema propõe é apenas a oficialização de algo que já ocorre naturalmente, com eventuais lucros para aquele que se propuser a montar o esquema; pois, obviamente, vale mais a pena pagar para evitar a perda de tempo necessária para encontrar alguém com um perfil psicológico que te agrade, ao invés de ficar por aí caçando como um animal. Para ela, que já nasceu no universo da imposição moral de passividade, nada mudará em relação a isso: ela se inscreve e espera. Como na "vida real", como nas baladas; não vai atrás - pois isso é vulgaridade. Só lhes cabe esperar, enviar sinais (que é o que lhes é moralmente permitido fazer quando têm interesse especial por determinado macho), piscadelas, etc. Obviamente, ela pode se recusar a assinar o contrato com determinado macho, cobrar mais ou menos de um ou de outro; o contrato pode prevêr certas flexibilidades ou não - ele é assinado entre o contratante e o contratado, sendo apenas intermediado pelo sistema que proponho.
É, na verdade, apenas mais um sistema de alcovitaria, de match-making, que é direcionado aos casais ordinários (no sentido de “normal) de uma sociedade capitalista, patriarcal, machista, etc., etc.