Nêmesis e a Separação
Na separação, destaco duas frentes de sofrimento aos quais estão sujeitos os ex-consortes heterossexuais de forma desigual, pois embora sejam muitas, estas se mostram centrais na dor e dependentes, não em princípio, mas em ocasião, do gênero dos consortes.
Obviamente são inúmeras as variantes dessa questão que abordarei superficialmente, mas me parece razoavelmente claro que a educação do gênero feminino é uma doutrinação da incompletude, por justamente perpetuar o gênero adequadamente adestrado e infantilizado até a morte (a famigerada tríade leva-paga-traz, comum aos pais e à práxis dos consortes masculinos em nossa organização tribal), enfatizando como todo o Ser feminino afigura-se errado (não satisfeitos com a educação de cadela adestrada que dão às filhas, preparando-as para trocarem o papai pelo marido, os vis parasitas espermatozóidicos castram-lhes a sexualidade e a beleza natural impondo limites e proibições que abrangem a totalidade de suas existências).
Por outro lado, o gênero masculino é gloriosamente ensinado a orgulhar-se de seus belos falos (que define seu Ser de tal inextricável forma que acabam por definem o gênero que castraram pela sua ausência), a amarem a si mesmos e a regozijarem no júbilo adônico.
Ora, resulta disto que um dos gêneros sai perdendo monstruosamente numa suposta separação. Enquanto o gênero castrado sente-se incompleto, o gênero fálico sente-se não sendo. Caso abandonada, a mulher sentirá falta do Outro, enquanto o homem abandonado sente falta de si mesmo. Ela pode conseguir outra peça parecida pra completar o quebra-cabeças composto de duas peças que lhes enfiaram por indignos orifícios na lamentável castração em questão - morrer acompanhada, e x, sendo x pertencente à categoria das coisas que custam dinheiro, ambos relacionados com a questão da incompletude -, mas Ele dificilmente voltará a crer em si mesmo com a mesma certeza.
O sexo que castraram retribuir aos castradores castrando-os aos poucos cada vez que deles se desvincula, na esplendorosa ironia de Nêmesis.
Obviamente são inúmeras as variantes dessa questão que abordarei superficialmente, mas me parece razoavelmente claro que a educação do gênero feminino é uma doutrinação da incompletude, por justamente perpetuar o gênero adequadamente adestrado e infantilizado até a morte (a famigerada tríade leva-paga-traz, comum aos pais e à práxis dos consortes masculinos em nossa organização tribal), enfatizando como todo o Ser feminino afigura-se errado (não satisfeitos com a educação de cadela adestrada que dão às filhas, preparando-as para trocarem o papai pelo marido, os vis parasitas espermatozóidicos castram-lhes a sexualidade e a beleza natural impondo limites e proibições que abrangem a totalidade de suas existências).
Por outro lado, o gênero masculino é gloriosamente ensinado a orgulhar-se de seus belos falos (que define seu Ser de tal inextricável forma que acabam por definem o gênero que castraram pela sua ausência), a amarem a si mesmos e a regozijarem no júbilo adônico.
Ora, resulta disto que um dos gêneros sai perdendo monstruosamente numa suposta separação. Enquanto o gênero castrado sente-se incompleto, o gênero fálico sente-se não sendo. Caso abandonada, a mulher sentirá falta do Outro, enquanto o homem abandonado sente falta de si mesmo. Ela pode conseguir outra peça parecida pra completar o quebra-cabeças composto de duas peças que lhes enfiaram por indignos orifícios na lamentável castração em questão - morrer acompanhada, e x, sendo x pertencente à categoria das coisas que custam dinheiro, ambos relacionados com a questão da incompletude -, mas Ele dificilmente voltará a crer em si mesmo com a mesma certeza.
O sexo que castraram retribuir aos castradores castrando-os aos poucos cada vez que deles se desvincula, na esplendorosa ironia de Nêmesis.
13 Comments:
Descartados os exageros retóricos, faz sentido e faz pensar.
Pouco posso falar sobre a ótica feminina. Embora tenda a concordar com a necessidade de complementação, não saberia dizer se é doutrinária.
Já sobre a masculina, baseado numa amostra singular, creio que uma separação (séria) realmente abala a crença em sí mesmo.
By Flavio Ferrari, At 6:20 PM
Rodrigo:
A imensa maioria das mulheres, depois de separadas (ou enviuvadas), vai cuidar de suas vidas e nunca mais se liga a ninguém como escrava.
A esmagadora maioria dos homens na mesma situação faz justamente o contrário. Mas não procura escrava nenhuma. Só não gosta muito de ficar sozinho (outros não aguentam mesmo).
Em ambos os casos, separações frequentemente fazem crescer -- a ambos.
Flavio:
Isso passa, meu filho. Isso passa. E a gente passa a acreditar muito mais do que antes. Sem a castração, rsrsrsrsrsrs
By Ernesto Dias Jr., At 9:37 PM
Genial Rodrigo!! E os exageros retóricos me fizeram rir e ter vontade de chorar!! Eu já contei a história verídica de uma criança com 2 anos e meio que disse pra irmã de 1 ano e meio ao brigarem: "Tu NAO tem pinto. Tu tem pereca, MAS eu não tô vennnnnnnnndo!!"
Essa tua idéia ou afirmação de que o gênero fálico sente que não é ao se separar da castrada... é interessante... e que nós, as castradas, as you put it and if we stop to think, I suppose you can call us that, nos sentimos incompletas... maybe you're right... Mas sentir-se castrada é algo que não precisa ser permanente, e não deveria ser at all. "Não tô vendo" não significa que não existe. A vagina é uma parte nossa fundamental, embora se passe a vida não dizendo a palavra e a ignorando solenemente!!! Por acaso sabem o que compõe a vagina - o ente castrado? Por isso, que gostei tanto do "Monólogos da vagina" e sugiro que todos, especialmente as mulheres e as mais jovens vejam e reflitam... Vcs já se deram conta que o formato exterior da vagina é o formato de um coração?
Não só a educação, mas a linguagem que usamos demonstra e reforça esse sentimento de castração das mulheres e o sentimento de perdido e só dos fálicos. I could go on forever ... :-), mas vou parar aqui por enquanto...
By Anne M. Moor, At 5:40 AM
Rô. li seu texto e você sabe o quanto eu entendo não entendendo todos eles. acho que é porque te conheço bem dai eu leio e fico pensando: será que tem ha ver com aquilo ou com isso?! ...
enfim... escrevi um treco pra vc no meu blog. eu não sabia como dizer e eu achei que era a melhor forma. na verdade eu ia botar como comentario no seu blog, mas achei que não seria prudente. visto que pouca gente entra no meu blog (meus posts mais lidos estão no prozac) achei que seria uma forma quase publica de demonstrar meu amor de irmão. não sei se funciona com vc, mas funciona comigo, portanto....
falou!
By Gui Ferrari, At 7:27 PM
eu costumo a curtir seus textos com cara daquele "das putas namoradas" ou o "Prefácio Intelectualíssimo ou De minha infância (Atualizado ao fim)"
By Gui Ferrari, At 7:38 PM
Bacana a tua reflexão, Rodrigo!
Bacana poder conhecer a tua maneira de ver e entender esse processo.
Dia desses, conversando com meu filho mais velho (26 anos) e um amigo da mesma idade que - como o meu filho - também tem pais separados há muitos anos, ambos me revelaram que, se pudessem escolher, preferiam que os pais não tivessem se separado.
By Udi, At 3:20 PM
Fui tentar entender Nêmesis na mitologia mas, ainda assim, não consegui entender a ligação...
By Udi, At 3:22 PM
Caros,
Acredito que o post do Rodrigo, embora estimulado por experiências pessoais, é mais abrangente do que isso ...
By Flavio Ferrari, At 4:44 PM
Rodrigo : Dizem que quando Deus criou o mundo e lá pôs Adão e Eva,e disse um dia aos dois: Tenho aqui comigo um presente pra dar a um de voces.Chama-se pênis: é útil e dá prazer.Adão entusiamou-se- "Eu quero, eu quero".E ficou felicíssimo com o falo. Saiu fazendo xixi de pé por todas as bananeiras(no paraiso tinha bananeiras), rindo feliz com o presente e já sentindo todo o pazer que podia ter com ele.
Eva, que até então olhava toda aquela alegria disse: Mas,Deus, e eu, vou ficar sem nada? e Deus dando-lhe dois tapinhas nas costas , sorriu maroto e disse-lhe:"ORGASMOS MÚLTIPLOS querida, ORGASMOS MÚLTIPLOS".
A sábia natureza, fez as coisas equitativamente boas, o homem desquilibrou-as, com sua ignorancia e preconceito,e a natureza transmutada em Nêmesis trata de subtrair-lhe o excesso.
Embora essa estorinha seja contada pra provocar o riso, ela provoca admiração pela sabedoria que transmite.
By Lú, At 7:37 PM
E parabéns pelo alcance do perceber( com tão pouca idade, -talvez justamente por isso)
Beijo.
Não te conheço pessoalmente e apesar de sempre ler seus textos, é preciso uma certa "pesquisa" pra captar tudo que vc escreve. Tenho vontade sempre de fazer isso, mas as vezes o tempo nao se adequa, e vou adiando.Tô louca pra dar umas voltas mais profundas na mitologia nórdica pra além de THOR, por sua causa.E confesso que depois do post do Gui, com aquela expontaneidade despida de verniz e pátina, e de alguns comentarios seus que adorei no blog da Zuleica, penso que conversar com você deve ser delicioso e empolgante.
E,desculpa se o constrangi, mas tenho o habito de "elogiar rasgado"
quando gosto, sem medo de parecer piegas. Isso não me preocupa.
By Lú, At 7:55 PM
Mais um daqueles seus textos que me fazem pensar...
... né, quanto tempo tenho que não passo aqui?
Séculos.
Não vai mais acontecer, até breve.
By Anonymous, At 1:54 AM
Separação. Sofrimento... Recomeço!
Gostaria que isso fosse possível para todos. Seu texto é muito bonito.-abraço-zuleica
By zuleica-poesia, At 7:07 AM
Como acontecem as coisas quando a pessoa em questão tem pensamentos Platônicos e se encontra no limbo? Precisamos conversar mais. Estou sentindo sua falta! Estar em contato com você me faz bem...
Te amo!
By Anonymous, At 5:24 PM
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