EU ESTUPRO O REAL
Pois vejam que não há assinatura de estabilidade e integridade alguma de algo como ‘A REALIDADE’ no grande livro das leis universais, o livro da natureza em caracteres geométricos – que sequer existe.
Não, não faz sentido.
Isto porque o ‘sentido’ é uma projeção de subjetividade coletiva que está de acordo com as categorias semióticas (semiosis) de compreensão do real.
E por compreensão entendo: estupro, violação, sexo anal sem consentimento prévio.
Vejo o fogo sob a panela e a água em ebulição e compreendo causas e efeitos. E aonde está o contrato irrevogável de que porque foi assim sempre será assim? Aonde estão as causas e os efeitos? Um antes e um depois: a causalidade é uma categoria psicológica, intuitiva. Vemos uma sequência de coisas e concluímos que o real é feito de causas e efeitos, de permanência e de ser moral.
MAS O FENÔMENO! Dirão os que vieram depois de Kant. Que se foda o contrato do real, a coisa em si mesma. A revolução copernicana da filosofia: que girem as coisas em torno de nós – ou melhor, aquilo que nós percebemos delas, suas essências fenomenais.
Este é o estupro velado. Temos uma puta (o real) com a qual tentamos fazer o sacro amor da singularidade mística (o que não pode ser dito, mas experienciado); com a qual decepcionamo-nos (afinal, esta relação não nos trazia progresso algum, produtividade alguma...) e a quem abandonamos, afinal, sem pagar a conta, em função de uma boneca inflável fabricada sob os moldes de nosso entendimento, para estuprarmo-la incessantemente com nossa assertividade proposicional e, desta relação, germinar o zigoto da verdade.
E, o mais engraçado: isso nos tornou ninfomaníacos e controlfreaks.
E enfim, a puta ri de nossa ingenuidade: o estuprador leva uma vida de merda.
Não, não faz sentido.
Isto porque o ‘sentido’ é uma projeção de subjetividade coletiva que está de acordo com as categorias semióticas (semiosis) de compreensão do real.
E por compreensão entendo: estupro, violação, sexo anal sem consentimento prévio.
Vejo o fogo sob a panela e a água em ebulição e compreendo causas e efeitos. E aonde está o contrato irrevogável de que porque foi assim sempre será assim? Aonde estão as causas e os efeitos? Um antes e um depois: a causalidade é uma categoria psicológica, intuitiva. Vemos uma sequência de coisas e concluímos que o real é feito de causas e efeitos, de permanência e de ser moral.
MAS O FENÔMENO! Dirão os que vieram depois de Kant. Que se foda o contrato do real, a coisa em si mesma. A revolução copernicana da filosofia: que girem as coisas em torno de nós – ou melhor, aquilo que nós percebemos delas, suas essências fenomenais.
Este é o estupro velado. Temos uma puta (o real) com a qual tentamos fazer o sacro amor da singularidade mística (o que não pode ser dito, mas experienciado); com a qual decepcionamo-nos (afinal, esta relação não nos trazia progresso algum, produtividade alguma...) e a quem abandonamos, afinal, sem pagar a conta, em função de uma boneca inflável fabricada sob os moldes de nosso entendimento, para estuprarmo-la incessantemente com nossa assertividade proposicional e, desta relação, germinar o zigoto da verdade.
E, o mais engraçado: isso nos tornou ninfomaníacos e controlfreaks.
E enfim, a puta ri de nossa ingenuidade: o estuprador leva uma vida de merda.
13 Comments:
e quão assertiva não é a formulação de acordo com as categorias da lingua: EU ESTUPRO O REAL
By Dr. Voldo, At 9:21 AM
repare, sujeito verbo e predicado. está tudo lá. Eu, ação, a coisa ela mesma. Nossa relação. A coisa como consecusão de mim, primeiro eu depois a coisa. e que coisa? a forma da coisa
o fantasma da coisa.
o fantasma do real, em forma de real: a nossa forma do real, a nossa boneca inflável.
By Dr. Voldo, At 9:22 AM
Pirandello popularizou "assim é se lhe parece".
Don Juan mandou mascar peyote. Mas não é para qualquer um.
By Flavio Ferrari, At 5:34 PM
...então é esse o lance. Não consigo alcançar porque você não está no real. O que seria um espaço comum senão o real? ...ainda que ilusório?
By Udi, At 5:45 PM
Gostei de te encontrar de novo, embora o texto fuja um pouco à minha compreensão. Mas é o Rodrigo em suas próprias palavras. Abraços.
By zuleica-poesia, At 6:28 AM
Eu vivo no real de todo mundo, porque só tem ele.
Talvez isso ajude:
Tornar-se um com o real, compreender o real como se compreende o amado: de dentro dele. Justamente! Compreender o real de dentro do real, QUE NÃO FALA NOSSA LÍNGUA!, que não está de acordo com nossos sentidos e significados, porque ele é nós tanto quanto não é nossas faculdades de compreensão 'naturais'.
O estupro do real é o oposto deste tipo de compreensão. É uma fantasia do estuprador, que nada tem a ver com a natureza do seu objeto de desejo (a puta, o real), imposta à força sobre o real, mas em perfeito acordo com a nossa natureza. A natureza do estuprador é perfeitamente natural: ele tem mais força do que a vítima, e todos os sinais biológicos serão positivos no momento do estupro.
O estuprador 'compreende' a vítima de si mesmo, da exterioridade: compreende-a perfeitamente dentro de seus propósitos; ousaria dizer inclusive que compreende tudo o que pode ser compreendido dela, de sua posição externa:
Não existe nada além do real, bem como fazer amor e estuprar não são existencia exterior aos dois participantes da relação. Eles são a totalidade do que existe, mas cabe uma diferenciação quanto ao tipo de relação estabelecida, quanto a atividade deste sujeito amante.
Eu estou no real tanto quanto qualquer outro, mas tento compreende-lo através do amor, contra o estupro do meu objeto de desejo por clans bárbaros de falsa catequese.
Tanto quanto aquela noticia não é O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO, ISTO não é AQUILO.
É só um teatrinho de formas semelhantes. E semelhantes a o que? à nossa forma.
Compreendemos o real pela nossa própria lingua:
- precisamente da mesma forma que o estuprador compreende sua vitima, na lingua do estuprador.
O fato de nós sermos parte do real não faz com que nossa compreensão natural do real tenha qualquer relação com ele. Mesmo porque a nossa compreensão de nós, como parte do real, sofre o mesmo estupro: e talvez o maior dos estupros, porque a partir de então o homem sabe e sempre soube o que é melhor para o homem (Embora discordem entre si) e fará o que puder para que este conhecimento prevaleça sobre o de outros.
Nesta mesma metáfora, a vida politica do homem é uma guerra permanente pra saber quem vai estuprar a irmã de quem, a crença de quem, o saber de quem. Pra saber qual estupro prevalecerá.
By Dr. Voldo, At 6:15 AM
This comment has been removed by the author.
By Anonymous, At 7:54 AM
O estupro (o sexo com o real) é sempre assustador. É o mais próximo da morte que podemos chegar.
De qualquer forma, não importa se é amor ou se é estupro, em ambos os casos, já não existe mais controle - afinal, toda vez que passamos a depender do outro (o real, a puta) para ter alguma espécie de prazer, estamos nas mãos do desconhecido, completamente entregues a ele (ou a ela).
Em outras palavras, tanto faz estuprar ou fazer amor com o real, no fim das contas dá tudo na mesma...
By Anonymous, At 7:56 AM
Sei que você vai dizer que não há o que entender, então tá! ao invés de perguntar, vou afirmar: tudo é uma questão de exercício de poder; e o estupro (com tudo que tem de metáfora e de REAL significado literal) seria uma forma de exercício do poder: "se tenho que estar que me relacionar com o Real, será na base do estupro" mas, em se tratando da realidade, quem estupra quem?
By Udi, At 7:12 AM
Para não falar da síndrome de Estocolmo ...
By Flavio Ferrari, At 5:14 AM
"E enfim, a puta ri de nossa ingenuidade: o estuprador leva uma vida de merda".
Eu nao vou rir, juro que não vou.
By Anonymous, At 3:38 AM
Minha máxima é: roube todos, estupre todos e mate todos.
By Anonymous, At 5:45 AM
te achei...Intenso como imaginei! belo encontro!
By Unknown, At 5:41 PM
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